Ex-aluna da rede, professora de Braille aprofunda conhecimentos no CEMAEE
Rhuana Barreto Moreira atualmente leciona em São Francisco de Itabapoana e busca aprimoramento para ensino de informática
Como afirma o escritor Jorge Sabongi: “O conhecimento tem o dom de se multiplicar quando nos propomos a ampliá-lo”. E assim, compartilhando a qualidade da educação inclusiva da Rede Municipal de Ensino de Rio Ostras, o Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado (CEMAEE) Padre João Machado Evangelho recebeu a professora de Braille e ex-aluna da rede, Rhuana Barreto Moreira. A docente, que atualmente trabalha com alunos com cegueira e baixa visão em São Francisco de Itabapoana, retornou ao município para aprimoramento no uso de tecnologias para o ensino de informática.
Deficiente visual, a trajetória de Rhuana na Rede Municipal de Rio das Ostras teve início anos atrás enquanto aluna das escolas João Bento Duarte Neto, Rosângela Duarte Faria e Mônica de Andrade Ribeiro. Atualmente, a professora cursa Pedagogia e está à frente do atendimento e da inclusão dos alunos são-franciscanos, multiplicando e compartilhando os aprendizados adquiridos nas salas de aulas riostrenses.
No intercâmbio no CEMAEE, a ex-aluna aprofundou seus conhecimentos para a aplicação dos recursos de informática no ensino dos alunos cegos e com baixa visão. O principal mecanismo explorado pela professora foi o sistema Dosvox, programa desenvolvido pela UFRJ e utilizado no Centro para que os alunos utilizem computadores e desempenhem uma série de tarefas, adquirindo, assim, um nível alto de independência no estudo.
“Hoje passa um filme de tudo que eu passei, porque a trajetória até aqui não foi fácil. Retorno a Rio das Ostras para me aprofundar e levar mais conhecimento para que os alunos com deficiência visual tenham mais qualidade de vida e acesso a aprendizagens. O recado que eu deixo para todas as pessoas que perderam a visão é que não desistam dos seus sonhos”, disse Rhuana.
INCLUSÃO – após estudar em institutos de referência para alunos com cegueira e baixa visão, Rhuana ingressou no ensino regular da Rede Municipal de Rio das Ostras para alcançar, de fato, a socialização e a inclusão, obtendo, assim, novos aprendizados para além do Braille. No município, ela criou grandes laços, como o da professora Túlia Fernandes, que agora auxilia a ex-aluna no intercâmbio no CEMAEE.
“Rio das Ostras está muito à frente na educação inclusiva. Hoje atendemos a 18 alunos na nossa sala de Braille no CEMAEE. Além disso, realizamos atendimentos às escolas para auxiliar os alunos que precisam de algum suporte ou adaptação de materiais e realizamos aprimoramentos com os auxiliares educacionais. O nosso município oferece os suportes necessários para que os alunos não precisem se locomover aos institutos de referência no Rio de Janeiro ou em Campos. Ensinamos para além do braille”, destacou a professora Túlia.
Seguindo a rotina em sala de aula nos atendimentos aos alunos com deficiência visual, Rhuana conta que a vontade de ensinar foi despertada durante a convivência com antiga professora. “A minha vontade de ser professora nasceu com a tia Túlia. Criamos um vínculo e eu passei a me encantar com a educação. Tenho na minha cabeça e no meu coração o objetivo de levar a inclusão para minha cidade, porque não desejo que as pessoas cegas e com baixa visão tenham a mesma dificuldade que eu tive para conseguir estudar”, destacou.
CEMAEE – O Centro foi inaugurado em julho de 2022 e tem sua proposta metodológica pautadas no Desenho Universal na Aprendizagem (DUA) e no Currículo Funcional Natural.
Entre as atividades ofertadas estão a estimulação precoce de bebês de 6 meses a 3 anos, Horta, Orientação e Mobilidade, Espaço de Corpo, Som e Movimento, Sala Maker, Sala de Libras e Sala de Braile.